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Procura por exames de mamografia cai pela metade em Ponta Grossa

Queda é explicada pelo isolamento na pandemia

Por Emanuelle Soares
Em Ponta Grossa são ofertados por mês 667 mamografias do tipo "bilateral de rastreamento" | Imagem: Banco de Imagens Online

O câncer de mama é a principal causa de morte na população feminina por câncer na região Sul. Apesar disso, a pandemia resultou na baixa procura por mamografias, exame preventivo que diagnostica a doença. No ano passado, foram realizados 2.681 exames em Ponta Grossa, quase metade na comparação com 2019, quando foram feitos 5.121 procedimentos. Os dados são do DataSus e levantam a informação por município de residência da pessoa que realizou o exame.

A assessoria da prefeitura de Ponta Grossa informou que as vagas para a mamografia pelo SUS são ofertadas pelo estado e que, atualmente, não há fila de espera para a realização do procedimento. De acordo com a assessoria, em média são ofertadas, mensalmente, 667 mamografias do tipo “bilateral de rastreamento” (realizado nas duas mamas, para a descoberta precoce de um câncer de mama), resultando em 139 diagnósticos. Segundo os dados do DataSus, em 2020 foram realizadas 1.867 mamografias - até 20 de setembro - no maior município dos Campos Gerais.

“O primeiro atendimento e diagnóstico do câncer de mama é feito por meio do trabalho desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde e não há necessidade de solicitação ser feita por especialista, sendo uma função da Atenção Primária a rastreabilidade destas mulheres”, explica a assessoria. Até o mês de agosto, morreram 20 pessoas em decorrência do câncer de mama, em 2020 foram 31. O número teve queda nos últimos anos: em 2017, por exemplo, foram 41 óbitos.

Infográfico: Emanuelle Benício

A Rede Feminina de Combate ao Câncer é uma associação que apoia pacientes que realizam tratamento oncológico. Segundo a secretária Karoline Pereira, “mamografia é o exame que apresenta o melhor custo benefício para detecção do câncer de mama; realizado pela mulher, reduz a mortalidade em razão da doença”.

Karolina relata que a Rede Feminina observou uma queda no número de pessoas buscando o procedimento, resultado do isolamento durante a pandemia. Ela ainda comenta que, comparado há dois anos atrás, também diminuiu o número de mulheres realizando o tratamento oncológico. Segundo a secretária da Rede, o trabalho continua voltado para que os pacientes não abandonem o tratamento, seguindo os cuidados obrigatórios.

Com protocolos, exame é seguro

O médico mastologista Fábio Mansani aponta que, além do isolamento da pandemia, o SUS e o sistema de saúde privado restringiram os atendimentos, reduzindo ainda mais o número de exames de rastreamento de câncer. Mansani diz que a mamografia pode diminuir em até 30% a mortalidade, sendo a única ação de rastreamento capaz disso.

Ele observou crescimento no número de pacientes com a doença em estágio avançado durante a pandemia e acredita que, se as medidas de segurança forem cumpridas, o risco de contaminação é baixo durante a realização do exame. “Nossa orientação tem sido que as mulheres de alto risco mantenham seu rastreamento em dia; as de risco habitual podem, a princípio, postergar seus exames de rotina”.

Lílian Ferreira tem 42 anos e nunca fez mamografia. Ela conta que, na pandemia, o fato do SUS restringir atendimentos levou a novo adiamento. Lilian planeja fazer o exame apenas no ano que vem, pois a idade obrigatória é a partir dos 50 anos.

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) também demonstra preocupação com a queda da quantidade de exames. De acordo com a SBM, o levantamento realizado pela Fundação do Câncer constatou diminuição de 84% no número de mamografias no país.

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