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Idosos voltam a ser maioria nas mortes por covid em Ponta Grossa

Em junho, pessoas de 60 anos ou mais representaram 37% dos óbitos pela doença no município

Por Leonardo Duarte

Infografia: Leonardo Duarte

Julho marca a volta do aumento nas mortes por covid-19 de idosos de 60 anos ou mais em Ponta Grossa, foram 39 no total, o que representa 62% dos 63 óbitos no mês. No primeiro trimestre deste ano foram 334 vidas perdidas, já no segundo trimestre foram 217. A redução entre um trimestre e outro é de 35%. Segundo o boletim municipal de sexta-feira (20), registrou um óbitos por coronavírus e 26 retroativos entre janeiro e março, totalizando 1.231 mortes.

Na direção oposta, jovens e adultos de 18 a 59 anos tiveram queda nas mortes, foram 24 no total. No primeiro semestre deste ano ocorreram 136 óbitos e no segundo semestre 191. A variação percentual é de 39% a mais para vidas perdidas. Apesar da redução em julho, desde março os dados apontam aumento nos óbitos para a doença para pessoas dessa faixa etária.

Em dezembro, jovens e adultos representavam 35% das mortes e os idosos 65%. Em junho esses números invertem. Jovens e adultos representam 63% dos óbitos e os idosos 37%. Essa mudança ocorre devido ao avanço da vacinação. Em dezembro não havia sido aplicada nenhuma dose da vacina contra a covid no Brasil. Até o final de julho

Mesmo com a vacina como forma de escudo para a doença, o enfermeiro Anderson Grzibekucka, trabalha nos hospitais Universitário Regional de Ponta Grossa e Santa Casa de Misericórdia, comenta que não podemos estar totalmente livres da doença ainda. “Os sintomas podem ser menores com a vacina, mas não evita de pegar novamente. Há casos de pacientes com as duas doses da vacina aplicada ser intubado por causa da doença ter sido grave”.

Segundo o Instituto Butantan, das quatro vacinas contra a covid em uso no Brasil, a CoronaVac possui eficácia global de 63%, no casos em que é necessário atendimento médico varia de 83% a 100%. A Astrazeneca, com a primeira dose 76% de eficácia e com a segunda dose 82%. A vacina Pfizer possui 95% de eficácia após a segunda dose e a Janssen de dose única 66% para casos leves e 76% para casos graves após 14 dias da aplicação.

Anos de vida perdidas e o choque na saúde mental da população

Ponta Grossa perdeu aproximadamente 27.088 anos de vida pela covid. Foram 816 anos retirados de jovens estudantes, 14.649 anos retirados de adultos trabalhadores e 12.369 anos retirados de idosos aposentados ou prestes a se aposentarem.

Os cálculos foram realizados com base na expectativa de sobrevida de 2019 do IBGE. Uma pessoa na faixa dos 30 anos sobreviveria mais 48 anos. Nessa faixa etária, no município 58 pessoas faleceram pela doença até final de julho. Desse modo, multiplicando 48 por 58 o resultado é de 2.784 anos de vidas perdidas.

Infografia: Leonardo Duarte

Essa rotina de mortes constantes fez muitas pessoas perderem mais de um familiar com poucos dias de diferença. Esse foi o caso da acadêmica de enfermagem Jéssica Cardoso, que perdeu primeiro o avô Efrain Cardoso e depois o pai, Orlei Cardoso. Para ela foi difícil superar duas perdas tão rápido e a indignação é grande ao ver pessoas morrendo para a mesma doença que já foi possui vacina.

No platô da pandemia no mês de março, a média diária de mortes para a covid-19 no município foi de 10 mortes diárias por nove dias seguidos. A psicóloga Juliana de Godoy comenta que a pandemia pode agravar os quadros de transtorno mental das pessoas. “Há diferentes efeitos psíquicos que essas mortes diárias podem trazer, como o sentimento exacerbado de medo, desamparo e vulnerabilidade, além do surgimento de quadros de depressão, ansiedade, TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo, TPET – Transtorno do Estresse Pós Traumático e o agravamento do estado psíquico de pacientes que já sofriam de transtornos mentais antes da pandemia. Portanto, concomitante ao adoecimento físico causado pela Covid-19, já estamos vivenciando uma pandemia a nível de saúde mental.”

Caso esteja passando por momento difícil peça ajuda nos centros de acolhimento de saúde mais próximos a sua casa ou então ligue de forma gratuita para o Centro de Valorização à Vida (CVV), 188. O atendimento também pode ser realizado gratuitamente no modo on-line pelo site do CVV. Todo o atendimento é realizado por profissionais especializados em saúde mental.

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